domingo, 9 de agosto de 2009

(de) cadente

Confesso que me arrependo de pouca coisa, e mais do que isso: procuro não me arrepender. Caso o fizesse, perderia noites de sono inteiras, que já não andam tão inteiras por conta de uns pequenos pensamentos irrequietos. Eufemismo. Corrigindo, devo dizer que esses pensamentos tem dançado em minha mente como putas de cabaré.
E então adicionei algo à minha miserável conta de remorsos. Noite sem nuvens, me deitei num deck qualquer construído sobre um lago qualquer. Estava ali falando sobre um par de olhos castanhos qualquer, quando passa uma estrela cadente. Não posso deixar de mencioná-la.
- Fez um pedido? - me pergunta Cristina, que sempre escuta minhas ideias loucas com paciência de quem espera Jó se decidir sobre algo (acho que ainda terei uma estátua dela no meu quarto).
- Fiz.
E em menos de 5 minutos, aqueles olhos castanhos de que falava dão sinal de vida, ao que praguejo por não ter deixado meu celular no modo silencioso. E aquela voz me deixando nervosa. Quero jogar meu celular no lago quero me jogar no lago quero me jogar com aqueles olhos no lago.
Deito-me olhando para as estrelas de novo e me arrependo do pedido que fiz. Veja só, eu queria apenas que tudo acontecesse outra vez. Só uma - nem fui gananciosa. Perdi a chance, naquele milésimo de segundo que caía a estrela, de desejar não desejar mais. E no outro dia voltei, e deitada no mesmo deck fiquei esperando outra estrela passar. Não passou. E eu fiquei desejando, ainda mais.

Um comentário: