Tenho a impressão de que se alguém me pegar pelo pescoço agora vou me esfarelar.
Estava tarde, o termômetro da avenida marcava 32 graus e o calor procurava se infiltrar no meu corpo por qualquer poro existente. Não achei ruim. Meu corpo estava vazio.
- Mãe - eu pedi - Mãe, me faça menos humano e mais armadura.Mas minha mãe não me escutou. Ela costumava escutar, mas isso faz muito tempo e o chão era de terra batida. Depois veio o mármore e todos aqueles andares sob os nossos pés e aí ergueram paredes tão altas que não adiantava nem gritar.Foi então que eu coloquei várias cidades entre nós. Eu já não podia mais contar a quantas paredes de distância estávamos, mas mesmo assim eu gritava. Mesmo sabendo que era inútil.- Onde dói? - o médico perguntou. Eu tentei responder. Eu falei sobre armaduras e paredes, sobre vazio e calor. Sobre os gritos. Eu falei pra ele que não confiasse, porque ela nunca ia voltar. Elas nunca voltam. Ele me cobrou 120 reais por isso.
Adorei esse. É bom quando sai - e você nem precisou de 120 reais pra dizer isso.
ResponderExcluirfui trazido aqui por um compartilhamento do Hélio no Reader. é um bom texto, muito bom :)
ResponderExcluirAdorei o texto...
ResponderExcluirUm tanto pós apocaliptico...